Hoje venho apresentar um estudo da Dra. Sanmira Fagherazzi com o intuito de encontrar uma relação entre o exercício físico, a dieta e os níveis de Colesterol Total, HDL, LDL e Triglicéridos.
Introdução:
Níveis elevados de colesterol e triglicéridos estão directamente relacionados com doenças cardiovasculares, sendo considerados como os mais importantes factores no aparecimento de arteriosclerose, hipertensão arterial, obesidade e diabetes.
A lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), conhecida como responsável pelo "mau colesterol", é o que transporta mais colesterol para as células e está associado ao início e à aceleração do processo arteriosclerótico. As lipoproteínas de alta densidade (HDL-c), conhecidas como responsáveis pelo "bom colesterol", participam no transporte reverso do colesterol.
Dos vários factores que afectam a predisposição de ter problemas relacionados com dislipidemias (presença de níveis elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue), como a genética, o sexo, a idade, entre outros, existem 2 que podem ser controlados por nós, como a dieta e o exercício físico.
Resumidamente, é possível identificar as gorduras saturadas como potenciadoras de um aumento dos níveis de triglicéridos, LDL-c e colesterol.
Por outro lado, as gorduras insaturadas e poliinsaturadas são responsáveis por melhorias nos níveis de triglicéridos, colesterol total e LDL-c, assim como num aumento de HDL-c no plasma, característica importante na redução dos riscos cardiovasculares.
Em relação ao exercício físico, o que apresenta melhorias mais significativas nas dislipidemias é o aeróbico, sem retirar a importância devida a exercícios de força e flexibilidade.
Metodologia de Estudo:
A metodologia utilizada consistiu em analisar o perfil lipídico e o peso de um grupo de 30 indivíduos, fisicamente activos, portadores de doenças cardiovasculares ou propensos às mesmas.
Os participantes foram divididos em 2 grupos: um grupo de exercício, GE, (prática de exercício físico) e outro de dieta, GD (prática de exercício físico associada a uma dieta equilibrada).
O grupo GE foi composto por 15 indivíduos que praticaram actividade física regularmente durante um período de 3 a 6 meses, isentos de supervisão nutricional.
O grupo GD foi também composto por 15 indivíduos com actividade física semelhante aos indivíduos do grupo anterior, diferindo apenas na supervisão nutricional, a qual foi efectuada durante este mesmo período de 3 a 6 meses.
O programa de exercício físico passou por uma frequência de 3 treinos por semana, intensidade de 70% a 80% da frequência cardíaca e VO2 entre 60 e 85%. Cada treino tinha a duração de 1h, dividido por 5 minutos de aquecimento, 25 minutos de actividade aeróbica, 20 minutos de exercícios de resistência de grandes grupos musculares e 10 minutos de alongamentos.
A supervisão nutricional passou por elaborar um plano nutricional, individual, com o objectivo de perder 1,5 a 2,5kg/mês, através de uma redução dos níveis de ingestão de gorduras saturadas, trans, colesterol, e adequados níveis de gordura poli e monoinsaturadas, proteínas e fibras.
Os dados referentes a níveis séricos de colesterol total, LDL-c, HDL-c, e Triglicéridos, bem como o peso e a altura, foram verificados no início do período de estudo e ao fim de 3 meses, no caso do peso, e de 3 a 6 meses no caso do perfil lipídico.
Resultados:
Dos 30 indivíduos, 15 são do sexo feminino e 15 do sexo masculino. No grupo GE, 10 são homens e 5 mulheres. No grupo GD são 10 mulheres e 5 homens. As idades predominantes no grupo GE são acima de 60 anos e no GD entre 45 e 59 anos.
No grupo GE, os participantes mostraram, predominantemente, sobrepeso (86,7%) enquanto que no grupo GD mostraram obesidade (cerca de 60%).
A tabela seguinte apresenta os dados iniciais para os 2 grupos:
IMC - Índice de Massa Corporal.
Na tabela que apresento de seguida, é possível comparar os valores registados no início com os registados no final do estudo em questão:
O peso inicial e final, no caso do grupo GD, obteve uma perda de cerca de 2,6kg. No entanto não poderá ser considerada estatisticamente significativa, uma vez que o coeficiente de correlação é P=0,218, muito inferior a 1. O outro grupo quase não registou alteração de peso, apenas uma pequena elevação de 0,2kg (P=0,745).
A redução de peso foi superior no sexo feminino, com uma percentagem de 75% de entre todos os participantes. No que toca à faixa etária, a maior perda de peso foi verificada em indivíduos com idades inferiores a 60 anos (45,4%), em comparação com 31,6% para idades superiores a 60 anos.
A análise estatística demonstrou não haver alteração significativa em relação ao IMC em ambos os grupos. Notou-se sim uma associação entre o IMC e a relação Colesterol Total / HDL-c, como mostra o gráfico seguinte:
No caso do grupo GE, observou-se uma redução significativa em relação ao Colesterol Total e ao LDL-c. A figura seguinte ilustra os valores médios iniciais e finais destes mesmos componentes lipídicos para o grupo GE:
No grupo GD, apesar de não se ter encontrado uma redução estatística significativa, 60% dos participantes obtiveram uma redução de Colesterol Total e 66,7% reduziram os níveis de LDL-c. No entanto a média de descida para este grupo foi inferior à registada no grupo GE.
Em relação ao nível médio de HDL-c, apenas o grupo GD verificou um aumento, apesar deste aumento não ser estatisticamente significativo (P=0,064). No grupo GE não se registou qualquer aumento de HDL-c.
A razão Colesterol Total / HDL-c registou um decréscimo no caso do grupo GD. No entanto, a relação LDL/HDL-c não apresentou alterações importantes.
Os níveis dos triglicéridos não sofreram alterações relevantes em ambos os grupos.
Independentemente das variáveis do perfil lipídico, as melhorias relevantes foram verificadas com maior predominância nos indivíduos com mais de 60 anos e não foram encontradas correlações entre o sexo dos participantes e as mudanças no perfil lipídico.
Conclusões:
A associação positiva estabelecida entre o IMC e a relação Colesterol Total / HDL-c indicou que quanto maior o IMC, mais alto é o valor desse indicador. Isto ocorre devido à relação entre um menor valor de HDL-c e valores mais elevados de IMC, como já observado por outros autores.
Os indivíduos integrantes do grupo GE não apresentaram redução de peso, o que não quer dizer que não tenham melhorado a sua saúde com a criação de massa magra e perda, ou manutenção, da massa gorda anteriormente existente.
O grupo GE verificou uma redução estatisticamente significativa nos níveis de Colesterol Total e LDL-c. A primeira ainda resulta em alguma controvérsia. O 2º já é consenso de vários investigadores.
Não foi encontrada uma relação entre o grupo GE e a redução dos níveis de Triglicéridos e o aumento dos níveis de HDL-c. No entanto, de acordo com outros investigadores, isto poderá dever-se à necessidade de um período de tempo de estudo superior para que seja possível verificar melhorias nestas variáveis. Outra possível explicação poderá passar por melhores resultados serem obtidos para indivíduos cujo perfil lipídico seja mais elevado inicialmente.
Outra forma de se obter melhores resultados para o grupo GE é, de facto, incluir uma dieta equilibrada e cuidada, aliada à actividade física, uma vez que já são conhecidos os efeitos benéficos dessa mesma dieta a várias variáveis do perfil lipídico.
No caso do GD também foi possível verificar reduções nos níveis de variáveis do perfil lipídico, apesar de não serem estatisticamente significativas. A ausência de resultados mais notáveis poderá ser devido à falta de acompanhamento nutricional durante o período de estudo, uma vez que apenas a primeira consulta era garantida.
Os níveis de HDL-c foram elevados no caso do grupo GD; a razão Colesterol Total / HDL-c apresentou, assim, uma redução significativa. Sugere-se que o nível de condicionamento aeróbico está directamente relacionado com melhorias ao nível do HDL-c. Uma vez que o grupo GD é composto, maioritariamente, por indivíduos obesos, é esperado que estes obtenham uma melhoria mais significativa do que no caso dos indivíduos do grupo GE.
No final do estudo foi possível concluir que o grupo GE teve melhores resultados no que toca às variáveis Colesterol Total e LDL-c. O grupo GD verificou melhores resultados nas variáveis HDL-c e peso. Em relação aos triglicéridos, nem o grupo GE nem o GD apresentaram melhorias significativas. No entanto, é importante salientar que este estudo não teve em conta alguns factores limitantes de resultados como idade, sexo, o nível de actividade física dos indivíduos antes do estudo, entre outros.
Fonte: Fagherazzi, S. - "Impacto do Exercício Físico Isolado e Combinado com Dieta Sobre os Níveis Séricos de HDL, LDL, Colesterol Total e Triglicéridos" - Porto Alegre, Brasil, 2007.
Resta-me apenas agradecer à Dra. Sanmira Fagherazzi por esta investigação tão importante e por demonstrar que dieta equilibrada, aliada a uma actividade física regular, melhoram o perfil lipídico dos indivíduos e ajuda-os a manterem bons níveis de saúde e, consequentemente, a viver mais tempo e melhor.
Diet & Exercise
A redução de peso foi superior no sexo feminino, com uma percentagem de 75% de entre todos os participantes. No que toca à faixa etária, a maior perda de peso foi verificada em indivíduos com idades inferiores a 60 anos (45,4%), em comparação com 31,6% para idades superiores a 60 anos.
A análise estatística demonstrou não haver alteração significativa em relação ao IMC em ambos os grupos. Notou-se sim uma associação entre o IMC e a relação Colesterol Total / HDL-c, como mostra o gráfico seguinte:
No caso do grupo GE, observou-se uma redução significativa em relação ao Colesterol Total e ao LDL-c. A figura seguinte ilustra os valores médios iniciais e finais destes mesmos componentes lipídicos para o grupo GE:
No grupo GD, apesar de não se ter encontrado uma redução estatística significativa, 60% dos participantes obtiveram uma redução de Colesterol Total e 66,7% reduziram os níveis de LDL-c. No entanto a média de descida para este grupo foi inferior à registada no grupo GE.
Em relação ao nível médio de HDL-c, apenas o grupo GD verificou um aumento, apesar deste aumento não ser estatisticamente significativo (P=0,064). No grupo GE não se registou qualquer aumento de HDL-c.
A razão Colesterol Total / HDL-c registou um decréscimo no caso do grupo GD. No entanto, a relação LDL/HDL-c não apresentou alterações importantes.
Os níveis dos triglicéridos não sofreram alterações relevantes em ambos os grupos.
Independentemente das variáveis do perfil lipídico, as melhorias relevantes foram verificadas com maior predominância nos indivíduos com mais de 60 anos e não foram encontradas correlações entre o sexo dos participantes e as mudanças no perfil lipídico.
Conclusões:
A associação positiva estabelecida entre o IMC e a relação Colesterol Total / HDL-c indicou que quanto maior o IMC, mais alto é o valor desse indicador. Isto ocorre devido à relação entre um menor valor de HDL-c e valores mais elevados de IMC, como já observado por outros autores.
Os indivíduos integrantes do grupo GE não apresentaram redução de peso, o que não quer dizer que não tenham melhorado a sua saúde com a criação de massa magra e perda, ou manutenção, da massa gorda anteriormente existente.
O grupo GE verificou uma redução estatisticamente significativa nos níveis de Colesterol Total e LDL-c. A primeira ainda resulta em alguma controvérsia. O 2º já é consenso de vários investigadores.
Não foi encontrada uma relação entre o grupo GE e a redução dos níveis de Triglicéridos e o aumento dos níveis de HDL-c. No entanto, de acordo com outros investigadores, isto poderá dever-se à necessidade de um período de tempo de estudo superior para que seja possível verificar melhorias nestas variáveis. Outra possível explicação poderá passar por melhores resultados serem obtidos para indivíduos cujo perfil lipídico seja mais elevado inicialmente.
Outra forma de se obter melhores resultados para o grupo GE é, de facto, incluir uma dieta equilibrada e cuidada, aliada à actividade física, uma vez que já são conhecidos os efeitos benéficos dessa mesma dieta a várias variáveis do perfil lipídico.
No caso do GD também foi possível verificar reduções nos níveis de variáveis do perfil lipídico, apesar de não serem estatisticamente significativas. A ausência de resultados mais notáveis poderá ser devido à falta de acompanhamento nutricional durante o período de estudo, uma vez que apenas a primeira consulta era garantida.
Os níveis de HDL-c foram elevados no caso do grupo GD; a razão Colesterol Total / HDL-c apresentou, assim, uma redução significativa. Sugere-se que o nível de condicionamento aeróbico está directamente relacionado com melhorias ao nível do HDL-c. Uma vez que o grupo GD é composto, maioritariamente, por indivíduos obesos, é esperado que estes obtenham uma melhoria mais significativa do que no caso dos indivíduos do grupo GE.
No final do estudo foi possível concluir que o grupo GE teve melhores resultados no que toca às variáveis Colesterol Total e LDL-c. O grupo GD verificou melhores resultados nas variáveis HDL-c e peso. Em relação aos triglicéridos, nem o grupo GE nem o GD apresentaram melhorias significativas. No entanto, é importante salientar que este estudo não teve em conta alguns factores limitantes de resultados como idade, sexo, o nível de actividade física dos indivíduos antes do estudo, entre outros.
Fonte: Fagherazzi, S. - "Impacto do Exercício Físico Isolado e Combinado com Dieta Sobre os Níveis Séricos de HDL, LDL, Colesterol Total e Triglicéridos" - Porto Alegre, Brasil, 2007.
Resta-me apenas agradecer à Dra. Sanmira Fagherazzi por esta investigação tão importante e por demonstrar que dieta equilibrada, aliada a uma actividade física regular, melhoram o perfil lipídico dos indivíduos e ajuda-os a manterem bons níveis de saúde e, consequentemente, a viver mais tempo e melhor.
Diet & Exercise
Boa noite Nuno.
ResponderEliminartenho acompanhado todas as publicações no teu blogg e acho muito interessante pelo seu teor didáctico.muito útil para a prevenção de muitas doenças e também para a redução de determinados problemas de saúde de que muita gente já padece.